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terça-feira, 29 de maio de 2012

As taxas e os bancos

Resultado dos bancos brasileiros no decorrer de 2011: Itaú R$ 14,6 bilhões; Banco do Brasil 12,1 bilhões; Bradesco R$ 11,1 bilhões; Santander R$ 7,7 bilhões; Caixa Econômica Federal 5,5 bilhões (fonte Sindicato dos Bancários - Google). Hoje, posso pagar com cartão de crédito/débito desde uma corrida de táxi, sanduiches nas ruas ou o que mais precisar. Contudo, se tenho que pagar qualquer boleto vencido, que determina pagamento em banco diferente daquele em que tenho conta, não posso fazê-lo com cartão de crédito. Então, devo levar em espécie, porque os bancos não aceitam cartões de outros bancos. Por que será? Além do que, a emissão de comprovantes em papel “termo impressão” é uma catástrofe para quem tem que guardar os ditos papéis por algum tempo, pois simplesmente desaparece o que nele está escrito. Será que não daria para estas instituições, que angariam lucros fantásticos, prestarem serviços melhores aos seus correntistas? E a vigilância dos bancos brasileiros? É eficiente? Quem fica tranquilo quando sai de uma agência ou de um caixa eletrônico? Temos que ficar atentos, olhar para todos os lados na saída desses estabelecimentos e, mesmo dentro dos mesmos. Em nossa cidade, alguns bancos, ainda, não atendem as leis de acessibilidade. Seria muito difícil colocar um elevador, ou até mesmo uma plataforma elevatória para os portadores de deficiência, idosos, grávidas? E o pior, é que algumas dessas instituições foram reformadas recentemente, ignorando solenemente a legislação sobre o assunto. E os postos de atendimentos fora das agências? Chamados postos avançados. Os bancos empurraram os serviços “piores”, ou que demandam mais mão de obra, para esses lugares, no entanto, a estrutura existente, muitas vezes, deixa a desejar. Tudo isso para lucrar mais e mais. Como vemos diariamente a segurança desses locais é também mais frágil que das próprias agências. O problema da segurança é agravado não só para clientes, também para funcionários e até transeuntes próximos a esses locais. A alegação para a transferência da prestação de serviços é a disponibilidade de mais locais para o uso do serviço bancário, porém dever-se-ia dotar as instalações de mais segurança e conforto ao usuário, que é quem realmente paga a conta. Outro agravante é a cobrança pelo uso de conta corrente. São cobradas taxas e mais taxas. Fazendo uma analogia: se a pessoa vai a uma farmácia comprar um medicamento, paga o remédio, mas não tem que pagar uma taxa extra, por ter feito a compra naquele estabelecimento. Num banco, deixamos nosso dinheiro lá, usam-no e ainda cobram taxas de manutenção, mesmo que muitas vezes não haja nenhuma movimentação mensal. Se você tiver uma aplicação num banco o rendimento é extremamente menor do que o juro de um empréstimo qualquer, além de ter que pagar as exorbitantes taxas. Grande negócio ter bancos nesse país. Praticamente não há riscos. Além dos clientes, as outras vítimas do sistema são os funcionários destas instituições. A busca desenfreada pelo lucro pelos administradores é traduzida em pressão contínua sobre os gerentes e responsáveis por captação de capital, venda de produtos financeiros, aquisição de novos contratos e clientes, sem qualquer escrúpulo. E, muitas vezes as demissões de funcionários aumentam nessas instituições. Quem ganha com essa desenfreada ganância? Apenas os bancos! Neste tipo de negocio não há equilíbrio. A população não tem opção, não há como se defender, pois não é possível viver sem esse sistema impingido pelas grandes corporações. Não há concorrência porque todos os bancos funcionam da mesma maneira. Essas instituições se vangloriam que estão sempre criando produtos que melhoram as vidas das pessoas e por isto preenchem seu objetivo de “responsabilidade social”, mas na verdade o único objetivo de um banco é maximizar a riqueza dos seus acionistas, e por isto produzem lucros crescentes ao longo do tempo. Para atingir este objetivo, as corporações externalizam custos que não estão diretamente ligados a sua produção ou seu ambiente interno. Os cidadãos não aguentam toda essa carga de cobrança. Dagoberto Waydzik

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Construtores de Irati

“Na antiguidade, no mundo árabe, o pedreiro chamava-se alvanel – aquele que levantava alvenarias de pedras, tijolos ou outros materiais”. Wilkipédia
A determinação pedreiro vem do latim petraruim, relativo às pedras.
O pedreiro é um dos operários mais antigos do mundo.
Irati sempre teve excelentes profissionais da construção civil. A história de nossa cidade deve muito a esses cidadãos. E nós engenheiros devemos reverenciar essas pessoas.
Sempre é temeroso citar nomes quando se homenageia alguém, pelo risco de se esquecer de alguém. São 30 anos que atuamos na área, mais o que acompanhei meu falecido pai antes de me formar. Porém, não tem como deixar de citar eméritos profissionais tais como: Rudi Schulumberg, Otto Smoger (Moita), Campolin Ribeiro (construtor de pontes), Chales (do cemitério), Estanislau Bronislavski, Susco, todos esses dos tempos passados.
Hoje, dentre muitos outros citamos: Zinho Razera, João Buhrer, Odair Hassen (gitica), Fabiano Kengerski, Carlinhos Sanson, Antonio Chicalski, Dirceu Vermelho, Denilson Nós, Mário e Marcio Bronislavski. Perdoem-me os emitidos, mas todos se considerem homenageados.
Muitas obras, reformas e histórias esses homens deixaram edificadas na cidade.
Certa vez, um desses valorosos protagonistas, homem de grande estatura, caçador e excelente construtor acompanhava o trajeto de um enterro. O finado era conduzido da igreja matriz Nossa Senhora da Luz à “Chácara dos Sabóia”. O carro fúnebre fedia embreagem, devido à velocidade, subidas e descidas.
Na subida da XV de Julho, o construtor, que tinha um vozeirão e talvez escutasse pouco, gritou a meu pai assim: “Estachinho seu desgraçado pensei que era você que tinha morrido”. O nome de meu pai soava parecido com o do defunto. Imagine, quem estava em volta, além do citado, a vergonha passada. Quer dizer o que morreu não tinha problema, o pior se fosse o amigo próximo do pedreiro.
Outra historia aconteceu quando da retirada de ossos de um túmulo para remover ao ossário cruzeiro do cemitério municipal. O pedreiro, sorrateiramente retirou um osso do dedo do defunto. Quando ia às bodegas usava para espremer o limão e mexer a caipirinha que tomava. Depois de rodar o copo esse pedreiro falava da ferramenta que auxiliou no feitio da bebida. Aí já tinha ido o copo inteiro, até o “bagrinho” do fundo, pois o primeiro gole sempre era do santo. Os mais velhos conhecem essa história.
Tem história, também, da nova geração. Trabalhava comigo um profissional esperto. Era bom até a hora do almoço. Depois desse horário virava um chato e invocava com todos os funcionários. Ninguém sabia o porquê. Tomava café de uma térmica, a manhã inteira. Até que pedi a outro pedreiro que bebesse, escondido, um gole do café daquela garrafa. E aí? Perguntei ao gajo o café era muito forte? Forte e com metade de conhaque. Haja equilíbrio no expediente da tarde.
Devoção ao trabalho, do apuro da técnica e da habilidade do oficio, descobrir para si a magia da arte de ser pedreiro. Da arte e do conhecimento. Da troca de idéias com serventes e engenheiros. Todos esses profissionais são importantes como cada tijolo de uma obra.
Obrigado aos pedreiros, mestres de obras, carpinteiros, serventes do passado e do presente. Vocês fizeram e fazem parte da historia de Irati. Nós engenheiros queremos agradecer e prestar uma justa homenagem a vocês.
Dagoberto Waydzik

quinta-feira, 15 de março de 2012

Até quando?

Os eleitores são muito complacentes com os eleitos em nosso país.
Enquanto se criam diversos cargos de confiança, para abrigar promessas de campanha, o povo continua “pagando o pato”. Servidores comissionados são abrigados em funções que muitas vezes não possuem atribuição e nem competência para esses cargos. São as famosas sinecuras (do latim: sem cura).
Urge que o povo do Paraná e, principalmente de nossa região, reflita e aja, pressionando as autoridades constituídas acerca de mazelas postas em nosso território. Dentre muitos problemas vamos destacar alguns e discorrer expeditamente sobre os mesmos.
A quantas anda a questão das intermináveis filas da saúde pública? Dizem que o SUS é um dos melhores sistemas de saúde que o Brasil já teve e até pode ser. Contudo, não é o que parece quando vemos que uma pessoa simples, depois de constatado um quisto a retirar, espera um ano na fila, com possibilidade daquele “intruso” crescer e agravar o estado do paciente. Esse fato ocorreu com um trabalhador conhecido meu. Que depois de idas e vindas ficou nesse calvário de espera para salvar sua vida ou esperar sua morte. Qual é o problema? Falta de investimento ou de uma gestão mais eficiente nesse setor? Ou, ainda, interesses de terceiros que se beneficiariam com esse caos? Certo que é preciso mudança no modelo, de baixo a cima.
Como está sendo abordada a Educação do Estado e do município? Nossos professores recebem o tratamento justo pelo que fazem? O transporte escolar funciona a contento? Os espaços físicos são suficientes e adequados para atender a demanda dos alunos e o desenvolvimento laboral dos mestres? Tudo o que está colocado é suficiente para se proporcionar uma educação pelo menos razoável? Não é o que ouvimos e vemos em torno de nós. Aparenta que o sistema está estagnado. Os profissionais dessa área devem erguer a voz para que se faça eco e recebam apoio em busca de um ensino público de mais qualidade.
E o nosso trecho da BR-277? Movimentada normalmente no dia a dia e, sobrecarregada em período de safras. Vai continuar sem a necessária duplicação, ou pelo menos as terceiras pistas no trecho do Spréa ao Relógio?
O encontro dessa rodovia com o trecho da BR 376 (que vem de Ponta Grossa), no Spréa, é ridículo. Carece de uma obra reparadora para melhorar a visão e diminuir as possibilidades de acidentes. Sem repetir o escracho do sinaleiro postado nessa rodovia, na altura de Campo Largo, que em dias de pique de tráfego suscita um congestionamento daquele ponto até o pedágio de São Luiz do Purunã.
Quando irão construir uma passarela sobre essa BR ligando o Parque Barigui ao outro lado da rodovia. Vão esperar mais uma tragédia com morte naquele local?
Aí se pergunta: para que pagamos IPVA, multas, pedágios caríssimos e outros impostos? Não seria para corrigir tais anomalias?
Planejamento só é válido quando há crítica construtiva. O Legislativo sem o contraditório torna-se inócuo. O Ministério Público poderia agir de ofício em itens que salta aos olhos o descaso e o descumprimento de leis. Cumprimento de mandato eletivo ou adquirido, seja de que forma tenha sido, denota observância pelo que se dispôs. Demonstra atitude, coragem e ética do indivíduo.
Se quisermos que essas situações mudem para melhor, ou pelo menos sejam minimizadas essas distorções, é necessário que cada cidadão alinhe-se contra a desonestidade, a favor da transparência, da eficiência e da decência da gestão nos setores públicos e também do privado. É certo afirmar que para cada ação de corrupção existe uma mão dupla: quem embolsa e quem oferece.
Dagoberto Waydzik.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A cultura pode virar cinzas


O incêndio do Teatro Ouro Verde em Londrina foi um fato lamentável. É uma mancha para a cultura brasileira, muito provavelmente, talvez, pelo descaso da falta de manutenção daquela construção.
Aqui em Irati temos várias vertentes de cultura, em se tratando de pessoas, tanto no passado como as que afloram no presente. Ouso a citar alguns exemplos, com devida vênia, certamente serão esquecidos vários. Primo Araújo, Seu Rosinha, Foed Chama, Olga e Monika Grechinski, José Maria Orreda, Julio Bronislawski, Denise Stoklos, Carlos Alberto Pessoa, Kako Sima (engenheiro e sanfoneiro de saudosa memória), Joel Gomes Teixeira, Edilson de Souza, os declamadores de tradições regionais, entre muitos outros. Contudo, também temos que voltar nossos olhos às obras e monumentos de nossa cidade.
Nem sempre a memória chega intacta de suas viagens através das gerações.
Temos a Casa da Cultura, belo e importante legado deixado a nós pela família Gomes, mas será que está recebendo a devida e necessária manutenção predial? Citamos também o prédio da primeira prefeitura, depois sede da polícia. Preocupamo-nos se esses prédios estão sendo devidamente tratados. E as edificações antigas, umas já colocadas abaixo, outras ainda resistindo às especulações, não mereciam e merecem tratamento especial? Mesmo algumas sendo particulares.
Talvez para isso houvesse necessidade de uma lei municipal de incentivo à manutenção periódica, se é que já não existe legislação específica. Quiçá com isenção de IPTU, subvenção para restauro, etc. Além de uma lei relacionada á vistoria e perícias preventivas em edificações antigas, que, além de preservar o patrimônio, garantiria a integridade física da população. Essa certamente deve ser implantada e, já existe em outros rincões.
“Cultura pode ser definida, entre outras definições, como às manifestações populares, artísticas mais relevantes da humanidade” Wilkipédia
Na idade média, por conta da Inquisição, muitos livros da sabedoria árabe foram jogados na fogueira insanamente, quando parte dos mouros viviam na Andaluzia. Quanta cultura se perdeu. Lamentável esse episódio.
Como dissemos, já foram alguns pontos arquitetônicos de Irati “queimados”, por falta de projetos adequados, que poderiam preservar uma fachada, um portal, ou deixar algo que lembrasse aqueles locais, que fizeram parte da história de Irati. São e foram referências, cartões postais da cidade! Tristeza, nostalgia, progresso, projetos pessoais, tudo se poderia deixar de lado se o poder público trabalhasse acerca desse tema.
Vamos fazer a sala da memória de Primo Araújo, graças ao auxílio do Clube do Comércio, através do seu presidente Virgilio Trevisan. Vamos cuidar do acervo de Denise Stoklos. Vamos valorizar nossos artistas com um museu apropriado ou um local como queiram que se denomine, todavia, também vamos preservar nossos prédios históricos, sob o risco da noite para o dia virarem cinzas, como o Teatro Ouro Verde, de Londrina, que foi quase que totalmente destruído pelo incêndio.
As gerações futuras merecem conhecer suas raízes. O desenvolvimento de uma cidade é importante, mas qual desenvolvimento nós queremos? Somente o econômico? Ou o cultural, ambiental, histórico, educacional, da saúde pública eficiente, o da qualidade vida? Tudo isso pode ser aliado com o desenvolvimento econômico se houver planejamento e comprometimento de todos.
Desenvolvimento não é meramente um aumento da área urbanizada, e nem mesmo, simplesmente, uma sofisticação ou modernização do espaço urbano, ou mais empresas, mas antes e acima de tudo, um desenvolvimento sócio espacial na e da cidade: vale dizer, a conquista de melhor qualidade de vida para um número crescente de pessoas e de cada vez mais justiça social.
Dagoberto Waydzik

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Antigamente as temporadas de praia eram assim


“A primeira vez a gente nunca esquece!”
Quem tem hoje por volta de 50 ou mais anos, é da classe média, média baixa, pode confirmar como era ir à praia nos meados dos anos 60, até o início dos anos 70.
Quando se falava em ir à praia a expectativa era grande. Reuniam-se os parentes em casa de uma das famílias interessadas e se começava um intenso planejamento. Especulava-se qual conhecido tinha uma casa no litoral. Fazia-se a lista de pessoas que iriam à “diversão”. Quantos dias daria para permanecer por lá? O que se levaria de mantimentos? Quais os veículos estavam em condições de fazer a “grande” viagem? Tendo as respostas para essas questões, mais ou menos, passava-se ao vamos ver, à consecução do plano.
Certa vez, uns parentes meus resolveram fazer essa jornada na praia de Matinhos. Eu, com meus sete anos, era um dos agregados. O nome desse balneário era muito ouvido por mim e me impressionava. Ainda mais que seria a primeira vez que eu veria o mar. Havia um nó em minha cabeça, pois pensava: o mar é água e Matinhos remete a mato... A dúvida permanecia e eu refletia que poderia ser um grande lago à beira do mato.
Os veículos eram três rurais Willis. As famílias eram compostas de grande número de filhos. Iam cerca de três famílias, mais os “agregados”. Três vezes seis resultavam dezoito pessoas. Tudo mais ou menos. Mas, não importava. Acomodavam-se nos bancos e bagageiros dos veículos e, lá pelas 3 da madrugada saía o comboio. Só não se soltava foguetes por que era muito cedo, mas a vontade era grande, tamanha a euforia da turma.
Na descida da serra as paradas eram muitas. Para limpar o regurgito da criançada, tomar garapa de cana, comprar toletes de palmito, abacaxis, cachos de banana! Como se já não tivesse mantimentos para um mês, sendo que se ficariam apenas três dias. Contudo, essas iguarias não se comiam no dia a dia em nossas casas.
Chegando à casa, emprestada de um dos amigos, por volta de meio dia, deparamo-nos com algumas surpresas. A casa, de madeira, com três quartos, um banheiro somente, para abrigar toda aquela gente. A luz estava cortada, o portão caindo, não tinha gás, sem falar no cheiro de mofo! Mas, cavalo dado não se olha os dentes.
Todos alojados, os homens foram comprar gás, camarões e peixes. A mulherada foi para a limpeza e providenciar o almoço, que já veio de casa. Virado de feijão, arroz, costelinha de porco, uma salada e farofa de ovo, tudo bem leve! A criançada, já de roupa de banho detonou um cacho de banana na chegada. De bebida havia gasosas Cini, gengibirra e as indispensáveis caipirinhas.
Nem bem acabava a limpeza das louças do almoço, a criançada se alvoroçava para ir à praia. Isso, ainda pelas duas da tarde. Sem protetor solar, sem guarda-sol, porém, com três câmaras de ar de caminhão, bolas, pás, baldinhos e muita disposição. Todo mundo na água. Não havia guarda-vidas. Não sei como voltávamos vivos. Só retornávamos para casa na boca da noite. Imaginem como ficava a pele de todos? A maioria dormia sentada, sem poder encostar as costas na cadeira, que dirá na cama.
Noutro dia, a refeição era camarão ao molho com palmito e peixe frito. O camarão era do mais miúdo que existia. Comprava-se sujo e todos tinham que ajudar a limpá-los. Com palitos, as caras meio enjoadas e enojadas, todos ficavam que era só furo por baixo das unhas.
A temporada resumia-se a três dias. Muita bagunça, algumas encrencas entre as crianças, mas muita alegria por ter conhecido o mar.
Os mais velhos, depois de umas oncinhas, ficavam ricos de um dia para o outro e, ensaiavam a compra de terreno para construir uma casa de praia. Até passar o efeito da caipirinha.
No final era tudo muito difícil, sacrificado, mas diferente e satisfatório.
Assim, fui apresentado ao mar. A primeira vez a gente nunca esquece!
Dagoberto Waydzik

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O bom crescimento de uma cidade



Refletir sobre o crescimento de uma cidade e seus problemas significa pensar sobre algo a respeito do que muita gente acha que tem “a” resposta na ponta da língua. Mas, na maioria das vezes os problemas advêm da falta de planejamento. Isso deve ser discutido por profissionais da área, aliado com a vontade política dos detentores do poder.
O assunto não significa que os nãos especialistas não devem se pronunciar. Muito pelo contrário! Também é direito deles deliberarem sobre coisas que afetam suas vidas e seus destinos, nos terrenos da política, da economia, da cultura e da organização do espaço que vivem.
Ademais, a cidade é, igualmente, um centro de gestão do território, por sediar o comércio, o povo e as empresas. Entretanto, nem tudo se resume à economia! Da importância de uma cidade para fora de seus limites físicos, assim como do poder. A cidade é um centro de gestão do território não apenas enquanto sede de empresas (privadas e estatais, mas também enquanto sede do poder religioso e político). Além do mais, uma urbe não é apenas um local em que se produzem bens e onde esses bens são comercializados e consumidos, e onde pessoas trabalham. Uma cidade é um local onde pessoas se organizam e interagem com base em interesses e valores dos mais diversos, formando grupos de afinidade e de interesse. Menos ou mais bem definidos territorialmente com base na identificação entre certos recursos desejados e o ambiente, ou na base de identidades territoriais que os indivíduos buscam manter e preservar.
Sob um ângulo social abrangente, ou seja, que leve em conta os interesses legítimos de toda a sociedade, o desenvolvimento que importa não é ou deve ser meramente econômico, mais sim sócio espacial.
O desenvolvimento é, nos seus termos mais simples, um processo de mudança para melhor (conforme o desenvolvimento), um ação constante de busca de mais justiça social e melhor qualidade de vida para o maior número possível de pessoas.
Se uma cidade produz mais e mais riqueza e, se essa riqueza assim produzida e o crescimento da cidade se fazem à custa da destruição de ecossistemas inteiros e do patrimônio histórico-arquitetônico, se a conta da modernização vem sob a forma de níveis cada vez menos toleráveis de poluição, de estresse, de congestionamentos; se é assim, falar de “desenvolvimento” é ferir o bom senso.
São vários pontos a ser questionados. Será que as gerações futuras merecem que se deixe construir na beira dos rios, arroios e córregos? Que se permita a aprovação de loteamentos e construções em áreas que sofreram e são passíveis de enchentes? Que se permita o adensamento com construções geminadas, ferindo a lei de uso e ocupação do solo? Que não se respeite as leis de acessibilidade e mobilidade humana? Que se construa em parques de lazer, ferindo o principal objetivo do mesmo que é a liberação de um amplo espaço para a mobilidade e o lazer de toda uma população? Que o destino e tratamento do lixo sejam inadequados? Que se permita construções em encostas e abertura de ruas com declividade maior que 30%?
Todas essas questões devem ser avaliadas pela população, pelas entidades, pelas lideranças e pelos detentores do poder. Principalmente, na hora de escolher quem vai governar a cidade, quem vai legislar e quem vai proteger essa população.
Os agentes públicos deveriam incorporar o princípio da responsabilidade sobre seus atos. Agir de modo a que os efeitos de sua ação sejam compatíveis com a permanência da qualidade de vida presente e futura.
Por isso, não devemos nos ausentar da responsabilidade de vigiar, cobrar, denunciar, divulgar esses atos nefastos, acima citados.
Dagoberto Waydzik

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Amém

O que você acharia se um pai, de classe média, ou baixa, comprasse para seu filho um carro de último tipo, caro, financiado em quatro anos, sem ter certeza de poder arcar com o pagamento do empréstimo até o seu final?
Ou, uma mãe, só para satisfazer seu ego, custear uma viagem para a filha adolescente à Disney, nas mesmas condições anteriores?
Analogamente, os prefeitos e governadores, após ganhar a eleição, contraem empréstimos para realizar obras com aparência, às vezes eleitoreiras, para nutrir suas vaidades, e pior, para quem vier futuramente a ocupar o cargo, arcar com o pagamento desses empréstimos. Na maioria das vezes, deixam de fazer as transformações sociais na saúde, educação e infraestrutura, tão necessárias.
Isso não é, no mínimo, um ato irresponsável? Infelizmente, é o que vem acontecendo em vários municípios e em nosso Estado. Agora mesmo, o governador do Paraná anunciou que vai contrair um empréstimo de 1,7 bilhão de reais para o ano 2012. E o ano de 2011 se passou e, praticamente, não se viu nada de positivo. Tem tempo para se reverter esse quadro. Vamos torcer para que isso ocorra, para o bem do povo de nosso Estado.
O Executivo governa o dinheiro do povo, o Legislativo elabora leis e deveria vigiar os gastos do primeiro.
O Judiciário tem a função de julgar as disputas e os atos irregulares dos cidadãos e do Estado. O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimento das leis.
O Tribunal de Contas é um poder que, praticamente, só existe no Brasil e, muitas vezes, é uma força que pressiona os prefeitos para serem cabos eleitorais de seus parentes. “Quase” que um abuso de poder.
Tem Câmara de vereadores que, no seu dia a dia, não elabora leis necessárias, para o bem da população. Muitas vezes é simplesmente um órgão certificador de todos os atos do Executivo. Sem contestação, sem fiscalização da administração, sem o contraditório quando há dúvidas e, pasmem, votam a favor por unanimidade, mesmo sem, na maioria das vezes, ter pleno conhecimento do que estão votando. Parece uma situação de faz de contas. Uma fantasia. Desta forma o povo é desrespeitado. As leis, os números, balanços não sofrem uma análise mais apurada. Porém, quando a coisa aperta, os culpados são sempre os antecessores.
Até quando tudo isso?
Até o eleitor fazer sua parte, vigiando, fazendo passeatas em forma de protestos, acionando a imprensa séria, denunciando ao Ministério Público, aos Tribunais de Contas, que é o foro onde deve haver alguma resposta a essas demandas.
A população, também, pode usar as redes sociais para se organizar, se orientar e quiçá, promover possíveis protestos ordeiramente. Fechando estradas intransitáveis, para que a grande mídia pressione os que detêm o poder, no sentido de sair do discurso e fazer o mínimo necessário. Será que isso é pedir muito?
Dentro da administração pública existe o principio da boa fé. Se uma administração está cobrando algo que sabe que não é devido, está ferindo esse principio. Quando isso acontece, deve agir o Legislativo, bem como, o Ministério Público e ocorrer, também, o necessário protesto da população. Todavia, isso não vem ocorrendo.
O hábito faz o monge e, esse hábito dos legislativos serem sempre a favor dos executivos é um mau hábito. As pessoas são criaturas de seus hábitos. Esses atos são portas diretas para o esgoto da corrupção. Assim, os Executivos deitam e rolam.
Há sim políticos honestos, bem-intencionados, que disputam eleições e assumem funções públicas para transformar suas Cidades, seus Estados e seu País em lugares melhores para toda a população. Como as pessoas comuns não devem se omitir, participando direta ou indiretamente da política.
Contudo, também existem aqueles que querem comprar aviões, locar helicópteros, desnecessariamente, visto que têm representantes em todo o Estado. Gastos esses, a meu ver, desnecessários, em detrimento de carentes que continuam morrendo em filas do sistema público de saúde.
Falta serenidade para os muitos detentores de poder. Quando são contrariados há uma arrogância e um ataque destemperado, acobertado pela imunidade parlamentar. Seja numa contestação grande ou numa simples arguição de alguma atitude ou de um fato qualquer. Até numa simples solicitação de um documento público, que é direito do cidadão. Esperneiam, e se fazem de arautos do bem. Só para divulgar que estão diminuindo os gastos na Assembleia Pública do Paraná, a imprensa diz que serão gastos em torno de cem mil reais em outdoors. Precisa essa divulgação tão demagógica?
Que bom se os deputados não viessem, somente, com migalhas aos municípios Que os deputados federais elaborassem leis e não só devolvesse parte do que é retirado do povo pelos impostos pagos e, que os vereadores não dissessem amém a tudo que os Executivos mandam.
Infelizmente, os serviços públicos gerados pela alta carga tributária não condizem com os serviços apresentados à sociedade.
Amém!
Dagoberto Waydzik